sábado, 26 de fevereiro de 2011

Comboios de Portugal



Inevitavelmente tenho que usar todos os dias o comboio para ir para o areeiro. Deparo-me com uma face da sociedade portuguesa contemporânea, penso eu.

Olho para as pessoas, vejo tristeza e muito medo no futuro próximo. Para muitos é a crise, para outros uma ilusão de crise ou então o sono. Reparo que o comboio vai quase em completo silêncio. Só uma inocente criança, com um valente choro é que consegue dar vida á carruagem. Ou então com a tosse de catarro de um velho, pouco mais se ouve num comboio. Uma vez por outra, conversas paralelas entre 2 ou 3 pessoas. Não são só as crianças que quebram o silêncio no comboio. Os pedintes. Aqueles que sustentam um grande acordeão, e que cantam pela liberdade e pelo fim da pobreza do povo de nicolae. Depois de estes passarem de carruagem ouve-se sempre «a boca do velho do Restelo»: “Estes bandalhos, sempre a pedir. Em vez de fazer alguma coisa da vida, estão a tocar aquela merda. No que Portugal se tornou?!». Lá atrás entretanto ouve-se a boca de um africano revoltado: «Cale-se seu velho Fascista!». E assim se desencadeia, um dos poucos diálogos a voz alta no comboio. Enquanto decorre tal discussão ouvem-se as velhas a murmurarem, em tom médio, que os protagonistas da situação, são barulhentos e mal-educados. Pouco mais se fala num comboio.

Infelizmente esta é uma realidade bem presente em Portugal, onde os velhos não acreditam nos jovens porque ninguém nunca acreditou neles. Reina uma corrupção, que se desencadeia á medida em que os mais pobres se queiram desembaraçar de um empréstimo. A meia idade, sub carregada com mais 20 anos de vida, mais filhos e uma carreira sustentável. Portugal.. Vamos acordar! Morte aos corruptos!


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